sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Surto de lesões que causam coceira na pele também é investigado em Camaragibe; número de casos no Recife chega a 88



Após a Secretaria de Saúde do Recife informar que investiga um surto de "lesões cutâneas a esclarecer", a prefeitura de Camaragibe, na Região Metropolitana, divulgou, nesta sexta (19), que também registrou ao menos 60 casos do tipo no Hospital Aristeu Chaves, principal emergência do município. Na capital, subiu de 79 para 88 o número notificações.

Os relatos dos pacientes são semelhantes nas duas cidades: muita coceira e "caroços" vermelhos na pele, de causa ainda desconhecida. As secretarias municipais de Saúde estão realizando estudos para entender o que está acontecendo.

Em Camaragibe, a maioria das pessoas que procuraram a emergência, nos últimos 15 dias, mora nos bairros de Ostracil, Aldeia e Tabatinga.

As unidades de saúde do município foram orientada a notificar todos os casos suspeitos. A prefeitura pediu que as pessoas que apresentem sintomas sigam para um posto de saúde ou para o hospital.

A Vigilância em Saúde de Camaragibe está analisando, caso a caso, o diagnóstico dos pacientes e também realizando um estudo entomológico.

Para isso, determinou a ida aos bairros para identificação de possíveis insetos ou artrópodes que estejam causando as intercorrências.

A água da rede de abastecimento nas residências também está sendo coletada para análises. Foram realizados testes de Covid-19 e sorológico para arboviroses, segundo a prefeitura.

Infectologista


O médico infectologista Demétrius Montenegro apontou que, apesar dos registros, não é possível afirmar que todos os casos notificados têm relação.

"Esse surto, inicialmente, aconteceu nessas duas comunidades [do Recife]. Temos relatos de alguns casos de Camaragibe e de São Lourenço da Mata, mas a gente precisa entender que em uma população como a da Região Metropolitana do Recife todo dia vai aparecer pessoas com alergia a medicação, substância, inseto. Então, não significa que faça parte desse quadro", declarou Montenegro.

Segundo o infectologista, uma série de possibilidades sobre os casos está sendo estudada. "Ainda não sabemos o que está causando isso e não há diagnóstico fechado", afirmou.

O especialista alertou que as pessoas devem tomar cuidado com a automedicação. "É preciso evitar colocar substâncias que piorem os sintomas", declarou.

Questionado sobre a possibilidade de colocar água gelada para amenizar os sintomas, Montenegro afirmou que isso, de fato, não provocará mais reações.

"O que não pode é colocar pomadas e outros produtos. A pessoa deve procurar o médico para saber o que deve ser feito em cada caso", observou.

O médico também falou sobre a necessidade de as pessoas adotarem medidas de afastamento, enquanto as causas do problema aguardam esclarecimento.

Segundo ele, por enquanto, os casos foram encontrados em localidades específicas. Por isso, moradores de área distantes não podem achar que estão com problemas relacionados.

"Estamos investigando a possibilidade de as lesões terem relação com picadas de insetos e até com doenças que são passadas por contato, como a sarna, por exemplo. Caso fique comprovado que se trata de sarna, realmente é necessário fazer o afastamento", comentou.

Casos no Recife


Os primeiros casos identificados no Recife foram de cinco crianças no Córrego da Fortuna e no Sítio dos Macacos, na Zona Norte da cidade. Com a investigação epidemiológica, mais pessoas foram localizadas e o total de notificações subiu nesta sexta-feira.

Moradores do Sítio dos Macacos contaram que os casos têm sido comuns e os sintomas todos são parecidos.

"Assim que ocorre a coceira, vem os carocinhos e as pintinhas. Coça muito, principalmente à noite. Procurei o médico, tomei uma injeção e acalmou", contou a dona de casa Sandra Maria Costa. O filho e a nora dela também tiveram as marcas e coceira.

Secretária-executiva de Vigilância em Saúde, Marcella Abath afirmou, em entrevista ao NE1, que, desde a identificação dos primeiros casos, a prefeitura está realizando investigações em várias frentes. "São investigações clínicas, epidemiológicas e laboratoriais", disse.

A gestora afirmou, ainda, que foram realizados exames de sangue (hemogramas), coleta de amostras de pele e até testes de sorologia para detectar arboviroses, como dengue, zika e chikungunya, doenças provocadas pelo mosquito Aedes aegypti.

"Temos um grupo de especialistas avaliando e não podemos descartar nada ainda. O importante é procurar uma unidade de saúde", disse Abath.

Fonte: G1-PE

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