FOTO: Andréa Rêgo Barros/PCR
Outros 55 profissionais do Samu Recife que estão com suspeita de covid-19 aguardam resultado dos exames, permanecem afastados de suas atividades e em isolamento social. Ao todo, 98 profissionais estão afastados do serviço por confirmação ou suspeita da infecção. Até agora, só três tiveram resultado negativo para o novo coronavírus.
Dessa maneira, a Secretaria de Saúde do Recife (Sesau) reconhece a necessidade de se fazer reposição dos profissionais afastados e informou que está realizando plantões extras, além de ter convocado cerca de 100 médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem de seleções simplificadas para atuarem no serviço e ajudarem na manutenção das escalas.
Os profissionais que testam negativo, que se apresentam clinicamente bem e sem sintomas podem retornar imediatamente ao serviço, assim como aqueles que testam positivo e não apresentam mais nenhum sintoma da doença após 14 dias de isolamento.
Em nota, a Sesau esclarece também que adota medidas para minimizar os riscos de contaminação dos profissionais. Entre elas, está a utilização de quatro escolas municipais como bases de atendimento descentralizadas para evitar a aglomeração de profissionais em um mesmo posto e a sanitização das ambulâncias e espaços de áreas comuns na central de atendimento. "É importante salientar que muitos profissionais atuam em outras unidades de saúde, e não apenas no Samu, o que aumenta os riscos de contaminação", diz a Sesau.
A Sesau reforçou ainda que, desde janeiro, realiza a capacitação dos profissionais de saúde da rede municipal para que estejam alinhados com o protocolo de manejo clínico dos pacientes com suspeita ou confirmação de covid-19. O Samu Recife ainda disponibiliza aos seus profissionais todos os equipamentos de proteção individual necessários para atendimento das ocorrências, bem como treinamento adequado para paramentação e desparamentação dos mesmos, de acordo com os protocolos da Anvisa.
Depoimento
No último dia 5, em entrevista a Cinthya Leite, titular da coluna Saúde e Bem-Estar, do JC, o médico Leonardo Gomes, diretor-geral do Samu Metropolitano do Recife, falou sobre o papel do serviço no enfrentamento à covid-19. Confira:
"Profissionalmente esta pandemia é o meu maior desafio. Até a covid-19 chegar, achávamos que a nossa maior missão tinha sido a Copa do Mundo (em 2014), que teve São Lourenço da Mata (Grande Recife) como uma das cidades-sede. Montamos quase uma operação de guerra, com hospital de campanha e equipes capacitadas para atuar em acidentes. Então, esse time que está hoje no enfrentamento ao novo coronavírus já tinha recebido treinamento lá atrás para atuar numa situação como a atual. Os nossos equipamentos de proteção individual já existiam antes de recebermos o primeiro caso suspeito de covid-19 (em 25 de fevereiro), uma mulher que estava em avião que pousou no Recife. Não posso dizer que estamos confortáveis. Sabemos da realidade exposta e que o serviço de saúde pode colapsar a qualquer momento. É difícil, e há uma mobilização de todo o Samu para ofertar o que for preciso. Somos um time de aproximadamente 700 profissionais. Eu preciso primeiramente manter o autocontrole diante de tudo que está acontecendo para coordenar as pessoas que também estão vivendo isso pela primeira vez. Acredito que viveremos um momento pós-pandemia pior do que a pandemia. Síndrome de burnout e demais transtornos psiquiátricos poderão surgir. É como se agora a gente abrisse feridas que só vão doer lá na frente”, disse o cirurgião-geral e urologista Leonardo Gomes, 41 anos, diretor-geral do Samu Metropolitano do Recife
Fonte: JC
Nenhum comentário:
Postar um comentário